ABÓBADAS

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A estrutura arqueada teve origem no antigo Egito, segundo pesquisas a mais de 3500 A.C. A abóbada de berço foi a pioneira, os romanos tornaram o arco um elemento central de projeto arquitetônico e estrutural que se perpetuou e se renovou ao longo da história. Várias culturas adotaram este sistema e estatisticamente foi a base da arquitetura europeia. Variações são comprovadas através de nominações no desenvolvimento da arquitetura europeia – Bizantina, Romântica, Gótica, renascentista, Barroca, Neoclássica – a partir da utilização do arco estruturado e construído com pedras ou tijolos.

A chamada arquitetura ocidental cuja origem aconteceu na Grécia se mantem atualmente com a anexação do continente americano, os arcos em alvenaria foram intensamente utilizados estruturalmente em construções como coberturas e pontes no século XIX o sistema deu lugar as estruturas de ferro ditadas pela revolução industrial, e houve ainda a substituição pelo concreto moldado in loco, a partir do início do século XX.

A estrutura arqueada cuja plasticidade sempre sensibilizou a produção arquitetônica ocidental foi retomada por Le Corbusier no subúrbio de Paris com tijolos aparentes, paredes cromáticas, tetos abobadados, caixilhos de madeira elaborados em duas residências projetadas para a família Jaoul (1951-1955) onde os conceitos “Máquinas de morar” dos anos 1920 foram ignorados.

Analisando com profundidade toda a obra de Le Corbusier percebemos que após o termino da Segunda Guerra Mundial ele mudou com as questões ambientais, dando maior importância a iluminação, ventilação e plásticas como a inspiração nas abóbadas catalãs.

Nas casas Jaoul as tensões criadas pelos contrastes colocam e aproximam a arte e técnica, esculpindo um objeto único marcado pela ação do homem acentuando a expressividade que se completam com o repertório artístico e cultural que nortearam o projeto.

Carlos Barjas Millan, falecido em 1964, referência da arquitetura moderna paulista teve seu acervo doado para a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Foram quase setenta projetos completos e bem detalhados, que tive a oportunidade de auxiliar a biblioteca, separar e arquivar. Entre s projetos executados a Residência Muller Carioba, projeto de 1960, que teve a conclusão próxima ao seu falecimento, foi muito instigadora, pois talvez tendo sido a primeira como referência em abóbada em São Paulo, inspirada na releitura de Le Corbusier, com mais leveza e delicadeza nos acabamentos.

Aluno de Villa Nova Artigas, Sérgio Ferro, Rodrigo Lefevre, Flávio Imperio, Joaquim Guedes, entre outros, as questões relacionadas a modernidade e as propostas de novas bases para a arquitetura brasileira contemporânea ligadas a crítica, ensino e prática, este período, de 1965 a 1969, quando cursei a FAUUSP, as preocupações estavam orientadas para certa poética da economia, pela crítica ao canteiro, suas etapas e os materiais deixados aparentes, bem como as instalações à vista, resultando soluções espaciais econômicas derivadas dos materiais e dos recursos construtivos.

A influencia desta formação e o advento da empresa Lajes Volterrana me inspirou a ampliar estes conhecimentos e adotar estas referencias tipológicas nas Residências Tonon praticamente pioneiro deste sistema construtivo, desta plasticidade abóbada e desta estética econômica e para o momento sociologicamente correta com financiamento pelo BNH – Banco Nacional da Habitação.

Como só formamos no fim de 1969, protocolamos e aprovamos o projeto em 1970.

Em 1971 expusemos o projeto no IAB-SP, conforme certificado.